"When there's Magic in the Music ..."

terça-feira, novembro 20, 2007

Firefest IV - 2ª parte

Após um belo de um Muffin, convinha arranjar um bom sítio para ver as 3 últimas bandas. Primeiro os Harem Scarem - banda canadiana que eu já tinha visto em 2002 em Madrid no Nemelrock.
Os Harem Scarem são uma das grandes bandas do AOR, apesar de serem praticamente desconhecidos no panorama mainstream. Têm uma carreira relativamente extensa, com 11 discos de originais (para além de inúmeras compilações, discos ao vivo, DVDs, etc) e são mesmo a banda com mais músicas na minha BD musical (cerca de 200 temas). Adicionalmente, têm um dos melhores e mais underrated guitarristas que eu conheço, e um vocalista com um sentido de humor do mais mordaz que já vi. Já depois de o cartaz do Firefest ter sido encerrado, saiu a notícia que este seria o último concerto dos Harem Scarem, o que só por si já tornava a viagem completamente justificada. Como tal, a expectativa era grande para ver o que os Messieurs Hess e Lesperance nos tinham reservado. Infelizmente, o concerto ficou abaixo das minhas expectativas, uma vez que o nível de energia deles não foi quanto a mim consentâneo com um último adeus. Não que tenha sido um concerto mau, nada disso! Um dia mau dos Harem Scarem é claramente superior a um dia bom dos Jaded Heart ou Adriangale, ou de muitas outras bandas, essencialmente devido ao turbilhão Hess/Lesperance, mas mesmo assim ... a atitude deles em palco parecia a de uma banda a meio de uma grande digressão mundial e não a de uma banda a tocar ao vivo pela última vez ...
Durante o set, o Rectifier do Lesperance entregou a alma ao criador, e durante a paragem para substituição do mesmo, o Harry Hess decidiu apresentar a sua "nova direcção musical" ... ou melhor, mostrar o seu humor:


A selecção dos temas foi adequada, com 3 temas do clássico "Mood Swings" - "No Justice", "If There Was a Time", "Saviours Never Cry", e temas que espelharam toda a sua discografia, desde o primeiro disco ("With a Little Love") ao último ("Human Nature"), terminando o primeiro encore da noite com o "Karma Cleansing". Se é certo que de uma maneira ou de outra iremos ter notícias do Hess e do Lesperance, prefiro que seja como Harem Scarem do que através de projectos individuais.

No intervalo não me mexi, porque estava num sítio razoável e não quis perder o mesmo para ver os Tyketto, uma das minhas bandas favoritas de todos os tempos.
Liderados pelo energético Danny Vaughn, e complementados por Brooke St. James, Jimi Kennedy e Michael Clayton Arbeeny, são responsáveis pelo clássico "Don't Come Easy" de 1991, registo que tem para mim o tema protótipo do AOR. Os Tyketto terminaram em 1996, já depois do abandono de Danny Vaughn, mas em 2004 reuniram-se para uma pequena tour Europeia, e eu tive a sorte de os ver e conhecer pessoalmente em Madrid, na noite mágica de encerramento da mesma. Este ano, decidiram fazer uma mini-tour de 4 concertos, para encerrar de vez o capítulo Tyketto - segunda razão de peso para ir ao Firefest. Este concerto ganhava ainda contornos especiais porque os Tyketto sempre foram muito acarinhados na Inglaterra, e este seria o seu concerto de despedida do país. O Danny Vaughn é um animal de palco e teve o Rock City em peso na mão desde o instante que pisou o palco até sair no final do "Forever Young" no encore (tema com que encerram os concertos e primeiro tema do "Don't Come Easy"). O set demoliu o público, tal como um comboio desgovernado leva tudo à sua frente, e será a par do concerto de Madrid de 2004 uma das minhas memórias mais prezadas. Thank you for "singing for me just one time"!


O intervalo para o último concerto foi gasto a tentar obter autógrafos dos Harem Scarem, o que fez com que perdesse o lugar razoável que tinha durante os sets dos Harem Scarem e Tyketto. O Rock City parecia nesta altura mais cheio que nunca, até porque o público Britânico depois de bandas Americanas, Alemãs, Canadianas e Norueguesas, estava ansioso pelos cabeça-de-cartaz, que jogavam em casa e que tocavam juntos pela primeira vez em 12 anos. Por outro lado, após duas más notícias (desmembramento dos Harem Scarem e Tyketto) nada como uma reunião de um dos "grandes" do género para manter o espírito em alta. O carinho do público pelos FM foi notório desde o momento em que se conseguiu vislumbrar o Pete Jupp a preparar a bateria por detrás de um pano que colocaram a tapar o palco, até ao final do concerto.
O concerto foi sólido, e não parecia que aqueles senhores já de cabelos brancos não tocavam juntos à 12 anos. Andy Barnett esteve em cheio na guitarra, Pete Jupp, sólido, foi brindado com um cântico quando no final do "The Other Side Of Midnight" falhou a energia no palco, e a voz de Steve Overland soou cristalina, em especial no fantástico "Face To Face", tal como nesta amostra:
Com o "Heard It From The Grapevine" terminava o Firefest IV. Estava na hora de regressar ao hotel para tentar apanhar uns últimos autógrafos e tirar umas quantas fotos, não sem antes saber da boca do Brooke St. James a sua futura colaboração num album do Steve Augeri.
No hotel, deu ainda para conhecer um postal Norueguês que tinha o seu Passaporte válido cheio de assinaturas de artistas de AOR e Hard-Rock em vez de carimbos, e, em meia-hora ele conseguiu coleccionar mais 7. Um destes autógrafos foi o do Andy Barnett, que já estava com uma "cardina" daquelas, e que por cada autógrafo que dava, contava 1 longa histórias sobre algo relativo a esse disco e mandava uma boca ao Steve Overland. B-)

Por volta das 00H30 decidimos finalizar o dia com uma bela "foot-long sub" da Subway, pois o dia tinha sido proveitoso - apesar do bandido do Harry Hess não me ter autografado os 3 últimos CDs (acho que ele fez de propósito, porque se queixou que eu tinha demasiados CDs para ele assinar), consegui autógrafos em 29 CDs.

No dia seguinte, já com chuva, ainda deu tempo para fazer uma breve visita à cidade, destacando-se a taberna mais antiga de Inglaterra e a estátua do Robin Hood, e ficar com a noção que o pessoal de Nottingham tem muita sorte, pois durante o mês de Novembro iriam ter concertos no Rock City dos Tesla, Y&T e Skid Row ... Enfim, o mundo não é justo ... e não valia a pena ficar chateado porque estava na hora de regressar ...

Vai ser difícil o Firefest do próximo ano igualar a qualidade deste, mas o Kieran Dargan é o homem certo para o conseguir ...

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